Sagres: Hotspot da Migração

Sagres: Hotspot da Migração
Ben Andrews

Sagres: Hotspot da Migração

Sagres é um ponto de excelência para disfrutar de um dos espetáculos mais fascinantes do mundo natural: a migração de aves. Em setembro e outubro, a região é ponto de passagem para milhares de aves.

Quando o tempo começa a mudar em finais de verão, uma vaga de aves percorre a Europa, de norte para sul. As que vão para África têm pela frente um obstáculo considerável: o Mediterrâneo. No lado ocidental do continente, o ponto de passagem mais curto – e por isso mais seguro – é o estreito de Gibraltar. Mas por vezes a inexperiência ou um acidente de percurso fazem com que as aves se desviem da rota. Então, a solução é atravessar por Sagres, a “planície das aves perdidas”.

Aves de todos os tipos

A mudança de estação traz à região um rol incrível de visitantes alados. De águias-perdigueiras e águias-cobreiras a britangos, grifos e cegonhas, milhares de aves planadoras pairam em busca de passagem para África. Outras tantas aves marinhas passam ao largo, em viagens épicas que chegam a ir de pólo a pólo. Árvores, arbustos e ervas são povoados por petinhas, toutinegras, chascos-cinzentos e dezenas de outros passeriformes que passam também pela península na sua viagem para sul. E quando menos se espera, avista-se uma verdadeira raridade, como uma águia-da-pomerânia, uma felosa-bilistada ou um papa-moscas-real.

A melhor altura do ano

Escolhemos o início de outubro para organizar o Festival, pois esta é geralmente a melhor altura do ano para avistar um pouco de tudo: no ar, no mar e em terra. Esta é das alturas em que há maior variedade de aves de rapina a pairar pela região, ao mesmo tempo que ao largo ainda se vêem muitas das aves marinhas que por aqui passam, enquanto em terra se avistam os pequenos migradores que vêm passar o inverno ao Algarve.

O que traz o vento

Quando o vento sopra de oeste, é boa altura para ir até ao Cabo de São Vicente, ver alcatrazes Morus bassanus e cagarras Calonectris borealis. Se o vento virar para leste, torna-se mais difícil ver aves marinhas. Mas não é razão para arrumar os binóculos. O vento sudeste traz passeriformes: estas pequenas aves deixam de conseguir voar para sul, sendo “empurradas” na nossa direção, o que aumenta as hipóteses de ver espécies menos comuns.

Chuva, ventos fortes ou uma descida súbita de temperatura diminuem a probabilidade de observar aves na região, mas depois da tempestade vem a bonança: quando o tempo limpa, as aves que ficaram “em fila de espera” põe-se todas a caminho, e as hipóteses de avistar algo interessante multiplicam-se.

 

Em números

Gráfico: nº de espécies de ave observadas em cada edição do Festival (PDF)

Lista de espécies de ave observadas em 2019

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