Arqueologia

Arqueologia

Com um passado humano que remonta pelo menos há 34 mil anos, com os mais antigos vestígios de presença humana conhecidos em todo o sul da Península Ibérica, assinalados junto da aldeia de Vale de Boi, em Budens, a região de Vila do Bispo tem no seu megalitismo uma diferenciada monumentalidade arqueológica. De entre as centenas de menires conhecidos, alguns considerados dos mais antigos no contexto europeu, destacam-se alguns exemplares disponíveis à visitação, designadamente o menir do Padrão, na Raposeira, e o trilho megalítico do Monte dos Amantes, em Vila do Bispo. A civilização romana também nos legou abundantes vestígios da sua presença, sendo particularmente interessantes os sítios arqueológicos da praia da Boca do Rio, em Budens, e da praia do Martinhal, em Sagres.

 

Menir do Padrão (Raposeira)

Este grande monólito de calcário apresenta-se, hoje, como o mais significativo exemplar dos menires de Vila do Bispo, o icónico representante de um excecional território megalítico que ainda regista cerca de 250 menires numa área de 42 km2, 6 menires por km2, a maior concentração de monumentos pré-históricos da Península Ibérica. O Menir do Padrão foi reerguido em 1984, no original local de implantação, após a escavação do seu contexto arqueológico. Em 1994, uma nova campanha arqueológica permitiu confirmar vestígios de uma ocupação pré-histórica datada de há cerca de 6500 anos, colocando este povoado neolítico na lista dos mais antigos do Ocidente Peninsular. Considerando a antiguidade dos dados disponíveis, os menires de Vila do Bispo podem representar um pioneiro fenómeno megalítico de monumentalização de paisagens neolíticas. Com epicentro na determinante geografia da finisterra mediterrânica, esta cultura megalítica desenvolveu-se de sul para norte, culminando em arquiteturas bem mais complexas e monumentais como o recinto megalítico dos Almendres, em Évora, os alinhamentos de Carnac, na Bretanha Francesa, ou, já do outro lado do canal, em Inglaterra, o expoente máximo do megalitismo europeu – o recinto de Stonehenge!

 

Villa romana e armação de pesca de atum da Boca do Rio (Budens)

A tradição piscatória nas águas desta finisterra mediterrânica encontra-se documentada desde tempos imemoriais. A investigação arqueológica na área da atual Praia da Boca do Rio tem vindo a revelar uma contínua exploração de recursos marinhos desde o Período Mesolítico até praticamente aos nossos dias. Entre o século I e o século V d.C., gentes do Mundo Romano desenvolveram neste local um importante estabelecimento industrial especializado na produção de conservas e de outros preparados piscícolas. Esta indústria foi necessariamente alimentada pela atividade pesqueira nestas águas. Subsidiariamente, seria produzido sal no estuário. Mais tarde, já no século XVI, a praia serviu de base a uma almadrava de atum. As armações do atum constituíram uma importantíssima atividade económica, regulada por direito senhorial da própria Coroa Portuguesa. Na segunda metade do século XVIII o Marquês de Pombal criou um instituto estatal, de caráter monopolista, para melhor controlar esta atividade, a Companhia Geral das Reais Pescarias do Reino do Algarve.

 

 

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