Cabeça-de-cartaz 2021: cegonha-preta

Cabeça-de-cartaz 2021: cegonha-preta
Tahir Sialkot/picfair.com

Cabeça-de-cartaz 2021: cegonha-preta

16 Julho de 2021

A ave do cartaz deste ano é presença regular no Festival: a inconfundível cegonha-preta (Ciconia nigra). Os participantes observam-na geralmente como um vulto negro, de pescoço esticado, a passar bem alto no céu. 

A sua silhueta é parecida à da conhecida cegonha-branca, mas se as condições de luz permitirem ver as cores com clareza, não há que enganar. A cegonha-preta é, como o nome indica, quase toda preta: cabeça, pescoço, dorso e asas têm penas pretas com reflexos metalizados em tons de violeta e verde. Vista de baixo, em voo, nota-se que o branco do ventre apenas se estende a um triângulo branco em cada axila, que permite distingui-la da congénere mais famosa, que só tem os “dedos” das asas pretos.

As cegonhas-pretas usam o contraste de cor do seu corpo para comunicar entre si: levantam cabeça e esticam o pescoço, mostrando as partes brancas, numa exibição que se torna veemente em caso de confronto.

Os adultos desta espécie têm o bico e patas vermelhos, mas ao contrário da cegonha-branca, os juvenis de cegonha-preta têm o bico e as pernas esverdeados.

Mais esquiva do que a cegonha-branca, a cegonha-preta vê-se geralmente sozinha ou em casais (na época de reprodução), mas entre agosto e outubro, quando migra para África, podem juntar-se bandos que chegam às 100. É nesta altura que é mais fácil de observar, e no nosso país a zona de Sagres é local privilegiado para o fazer, precisamente por altura do Festival. É então que cegonhas-pretas vindas do centro da Europa congregam aqui, procurando passagem para África. Como dependem das correntes térmicas para planar, e essas correntes de ar quente só se formam sobre a terra, estas aves procuram atravessar o mediterrâneo pelo caminho mais curto, em Gibraltar.

Apesar de algumas cegonhas-pretas passarem o inverno no sul de Portugal, a maior parte segue para a África sub-sahariana. Regressarão em finais de fevereiro ou inícios de março, para se reproduzir. Esta espécie faz o ninho em árvores de grande porte ou em escarpas rochosas, reutilizando muitas vezes o mesmo ninho ano após ano. Vão “remendando” e acrescentando materiais, de tal forma que ninhos mais antigos chegam a ter 1 a 2 metros de diâmetro!

Considerada Vulnerável em Portugal, a cegonha-preta está ameaçada pela perda de habitat, pela colisão com linhas elétricas, e em especial pelas atividades humanas nas suas áreas de nidificação, pois é muito sensível à perturbação. Por isso, é especialmente importante observá-la sempre com cuidado para não perturbar, sobretudo nos locais de nidificação.

 

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